sábado, 16 de maio de 2015

O estojo



Certa vez, quando eu era aluno de Perseverança (para quem não é católico e desconhece, perseverança é a continuação da catequese após a primeira comunhão e vai até o jovem ter idade de cursar a crisma), ganhei um estojão de lápis de cor, canetinhas, tinta e outras coisas de desenho, aqueles estojos grandes do Paraguai que foram muito populares na década de 90. Ter um daqueles era um sonho, porém não tinha condições financeiras de ter um. Quando ganhei senti uma felicidade imensa e aproveitei bastante. Era um sonho, apesar da qualidade dos lápis serem sofríveis. O pastel parecia um borrão e eu quase quebrava meu dedo mindinho tentando esfumar o desenho. Mas e o orgulho de poder ter um e desfilar com ele por aí? Ostentação total!! A professora de catequese sempre levava algum brinde e sorteava entre a gente, e eu ganhei esse estojo num desses sorteios. Era divertido, ela anotava um número e quem acertasse ganhava o brinde. Senti-me a criança mais sortuda do mundo aquele dia!!
Anos se passaram e um dia reencontrei minha professora em um elevador. Eu não a reconheci, estava muito diferente. Ela disse: "Você não se lembra de mim, né? Eu não esqueci você" Nessa hora lembrei quem era ela e ela me fez uma revelação: "Lembra de quando você ganhou um estojo em um sorteio? Preciso te contar algo, eu roubei. Comprei aquele estojo para te dar de presente porque senti necessidade de te estimular de alguma forma. Vi em você uma vocação que precisava crescer e que precisava de uma oportunidade e espaço para isso. O estojo era o que eu poderia lhe oferecer. Mas eu não poderia te dar do nada um presente assim, as outras crianças ficariam tristes e eu não poderia dar para todos. Então fiz o sorteio sem anotar o número, morrendo de medo de alguém perceber esse detalhe. Não importava o número que você escolhesse, você ganharia. Havia o risco de alguém perceber e eu ter que fazer da forma correta. Mas passou, você ganhou e todos compartilharam de sua alegria. Na verdade se você recordar, todo mundo ganhou algo ao longo do ano" Ela piscou para mim, nos despedimos e até hoje não a vi mais... 
Não esqueço disso e ainda tenho o estojo guardado. Ele foi ressignificado em minha vida daquele dia em diante...
Esse fato me marcou profundamente. Despertou, e desperta ainda, muita reflexão...
O que tenho a dizer e passarei a minha vida toda repetindo, é:
"Obrigado, professora!"

terça-feira, 5 de maio de 2015

Desabafo...


Esse ano tem sido amargo, infelizmente muita coisa que planejei não está dando certo.

Ontem, pela quarta vez, tive uma porta fechada na minha cara. Para os meus "pares", meu trabalho acadêmico não tem muito valor, pelo visto. Pra ser sincero não esperava ser diferente, mas que amarga a boca, amarga.

A escolha é minha. Não aceito fazer parte de panelinhas, não tenho a menor vocação para fazer a dança da academia e nem paciência para puxar saco de ninguém. Não vou seguir "o caminho natural", sigo o meu caminho que foi o que pude seguir. Não vou deixar minha vida para fazer sacrifícios e me humilhar pra quem não está nem aí para comigo. Não!

Pode ser piegas, e é, mas escolhi o caminho do coração, agarro-me às oportunidades que aparecem e que despertam em mim bons sentimentos. Procuro ir atrás do que me faz feliz e me leva a aprender coisas que considero interessantes e que me tornam uma pessoa e profissional melhor.

É um desabafo. Apesar de tudo, não perco a esperança, continuo a caminhar de cabeça erguida e sorriso no rosto. Às vezes choro um pouquinho quando estou no meu mundo particular, mas enxugo as lágrimas e ponho a cara no sol.

Tudo é aprendizado. Os chacoalhões fazem a gente acordar e dar um novo gás.