Jogo Pokémon Go desde que ele chegou ao Brasil, no comecinho de agosto deste ano, e desde então sigo firme no jogo. No primeiro mês foi uma febre louca, até quem não conhecia Pokémon baixou o app para caçar os bichinhos. Depois a febre foi baixando, as regiões de Pokestops (áreas nas cidades onde o jogador pode ganhar pokebolas, ovos entre outros recursos) e Ginásios (áreas para batalhas) foram esvaziando e só os fortes ficaram. De outubro para cá, eles começaram a fazer eventos especiais para recuperar jogadores e sempre com algum bônus.
Eu faço parte desse grupo que não parou e sigo jogando diariamente, andando pelas ruas para chocar ovos, capturando pokémon selvagens, rodando pokestops, evoluindo bichinhos e batalhando nos ginásios. Também acompanho páginas especializadas e canais no youtube sobre o jogo para me manter informado e aprender coisas novas.
E tem um bom tempo que sinto vontade de escrever sobre minha experiência de ser um mestre Pokémon, na verdade a sofrência que é ser um mestre Pokémon morando em uma cidade do interior. O lugar onde você mora interfere profundamente a experiência do jogo, se você mora em grandes capitais ou cidades populosas é uma maravilha, vários pokestops e ginásios e muitos spaws de pokémon, mas se mora no interior, em cidades pequenas, você tem que ser guerreiro, não é fácil.
Elenco aqui as 5 maiores dificuldades que eu vivencio na minha jornada Pokémon:
1- Problema de Falta
O maior problema em morar em cidade pequena é o de falta! Falta tudo: falta pokestop, falta ginásio, falta pokémon, falta jogadores...
É a maior reclamação de jogadores do mundo todo. Como jogar um jogo que não te oferece todos os recurso necessários? Eu moro em duas cidades de Minas Gerais: Guaxupé e Passos, passo a semana em Guaxupé, onde trabalho, e fim de semana, feriados e férias em Passos. Guaxupé pelo menos tem 6 pokéstops e 2 ginásios, já dá para ganhar umas coisinhas e batalhar de vez em quando, mas Passos tem apenas 1 pokéstop!! Lá só dá para ser caçador de pokémon, nada mais!
Desde o mês passado tem bônus diário, o primeiro pokémon e a primeira pokéstop que você passa no dia você ganha mais bônus e com 7 dias seguidos ganha mais ainda. Em Guaxupé eu consigo ganhar mais tranquilo, quando vou trabalhar passo na rua de baixo do meu emprego e faço minha coleta diária, mas em Passos eu preciso sair do meu bairro e ir até o centro pra conseguir a meta diária. As únicas coisas positivas é que eu faço minha caminhada diária e dá para chocar uns ovos, mas é frustrante quando você vai em uma cidade grande e vê a diferença que é.
Esse semestre estive em São Paulo e Curitiba e joguei por lá, com pokéstops uma atrás da outra. Uma caminha de uma hora te garante o reabastecimento de pokébolas, não precisa nem gastar dinheiro com isso, sem contar a enorme quantidade de pokémon que encontra no caminho.
Tanto em Guaxupé quanto Passos existem pontos no mapa que aparecem mais pokémon (pontos de spaw, pontos no mapa onde periodicamente aparece um bichinho), mas existem muitos locais que aparecem pouquíssimos. Única coisa que não posso reclamar do bairro que moro em Passos é que lá aparece muito pokémon, mais até que onde moro em Guaxupé.
E não é só em cidade pequena que falta muita coisa, bairros afastados e mais pobres de grandes cidades também tem poucos pokestops e pokémon. Todo mundo reclama, a Niantic (desenvolvedora do jogo) faz promessas de melhorar, mas até agora nada de pokéstops novas, a gente do interior continua vendo uma mapa desértico no nosso jogo.
E nem posso reclamar muito porque por mais que Guaxupé e Passos tenham poucos pokéstops ainda são melhores que muitas cidades que não possuem nada e no máximo spawnan Zubats e Pidgeys (os mais comuns de aparecer).
2 - GPS Bugado e internet ruim
Pokémon Go depende de duas coisas: GPS e Internet, sem isso você não joga. Daí já imaginem o drama de jogar em cidade pequena, onde o sinal de GPS é sempre ruim e internet pior ainda.
Várias vezes estou jogando e o GPS fica me mostrando em outro lugar, eu preciso ficar andando feito besta para ele reconhecer onde estou. Pra dar mais raiva ele buga quase sempre quando estou me aproximando da Pokéstop.
Outra coisa é o meu personagem no jogo (que se movimenta ou para acompanhando meu movimento) parar de tudo e mesmo eu andando ele não sai do lugar e fica lá parecendo estátua. Aí só reiniciando o jogo, algo que dá até vontade de chorar porque nunca sei se a internet está boa ou não. Quando está, o jogo reinicia rápido mas quando não está posso até desistir que não entra de jeito nenhum. E olha que tenho a operadora de melhor sinal da região e um plano bom e um segundo chip de outra operadora. O que costumo fazer é conectar em casa pelo wi-fi e depois sair para rua com 3G. Normalmente dá certo, mas várias vezes dá os problemas que relatei acima, o que faz a gente passar muita raiva.
Quando joguei em Curitiba foi lindo, internet funcionava (nem sempre, 3G no país todo é uma tristeza, mas ainda foi melhor que aqui em MG), GPS bugou pouquíssimas vezes, meu personagem andava direitinho pelo mapa. Um sonho!
3 - Forever Alone
Se nas cidades tops para jogar muita gente também desistiu, imaginem em cidades como as que vivo? Não tenho nenhum amigo que continue jogando, jogo sozinho. O problema é que esse é um jogo para se jogar de forma coletiva, como batalhar e conquistar ginásios sozinho? Até dá, porém você põe um pokémon no ginásio, coletá sua moeda e logo alguém vem e te derruba.
São tão poucos jogadores agora que eu até reconheço pelos nomes deles nos ginásios, sempre os mesmos que dominam, porém não os conheço pessoalmente, não há como comunicar com eles. Quando o jogo saiu criaram uma página no Face mas em 15 dias ninguém mais participava.
4 - Ecossistema
Existe uma escala de raridade para aparecer um pokémon em uma região, alguns são muito comuns e outros muito raros, aparecendo poucas vezes. Em cidades grandes, pelos canais que acompanho, em quatro meses foram suficientes para a galera completar a pokedex (lista de pokémon no jogo, parece álbum de figurinha, cada vez que você captura um novo é marcado na pokedex e mostra informações dele, se você não tem aparece apenas o número e o espaço vazio). Eu até agora consegui 106 dos 151 disponíveis (existem 5 que ainda não foram lançados e 4 regionais que só dá para serem capturados em outros países, esses não conta para gente ainda no Brasil) e ontem já lançaram novos pokémon, os Baby, ou seja, tenho mais pokémon para encontrar.
Em outubro, houve evento de Halloween e 8 Pokémon passaram a aparecer em todos os lugares, praticamente só eles apareciam, todos os outros passaram a aparecer pouco. O que me revoltou é que mesmo nesse evento houve diferença entre quem mora em grandes cidades e cidades pequenas, nas grandes todos os 8 apareciam, nas menores não. Na minha região dois não apareceram de jeito nenhum, nem vi nas proximidades e olha que andei muito para aproveitar o evento. Mês passado lançaram um pokémon que se transforma em outros, o Ditto, ele aparece disfarçado, só depois de capturar é que você descobre que pegou ele. No primeiro dia que ele foi lançado o povo das cidades grandes acharam fácil, nos dias seguintes acharam muitos outros. Eu até hoje não peguei nenhum, tô tentando achar ainda.
Quando você está em uma área boa para jogar, com muitos pokestops e spaws de pokémon a probabilidade de achar pokémon raros é muito maior que morando nos locais escassos de recursos. Existem pokémon que nem são tão raros e eu nunca vi por perto, aparece muito mais pokémon comuns por aqui e outros demoram tanto para aparecer de novo que você leva uma eternidade para conseguir candies para os evoluir. Aliás, minha sorte são os ovos e a possibilidade de ganhar candies caminhando com o pokémon Buddy que eu consegui evoluir muitos dos meus pokémon que aparecem pouco na minha região, só assim para garantir as evoluções deles e marcar na pokédex.
Quando eu vejo a galera nos canais mostrando a quantidade de candies que tem de vários pokémon e muitos são centenas dá uma tristeza, juntar 100 candies de qualquer pokémon por aqui é uma sofrência sem fim. Só pensar, eles tem várias pokéstops para coletar pokébolas, nunca falta pokébolas para eles, podem capturar todos que aparecem pra eles. Eu se consigo juntar umas 15 pokébolas num dia já comemoro e tenho que economizar por isso deixo de capturar muitos. Daí surge minha última reclamação que é o...
O jogo é gratuito mas se você quiser pode comprar moedas para comprar certos recursos como pokébolas, incenso para atrair pokémon, espaço na mochila, entre outros. Quem mora nas cidades populosas não precisa se preocupar em comprar bolas, com uma hora você consegue coletar umas 60 pokébolas tranquilamente, dá pra capturar tranquilo os monstrinhos. Mas se você mora no interior é impossível jogar sem comprar pokébolas, ou você compra ou fica sem capturar, porque não dá pra ficar andando pelas pokéstops daqui de Guaxupé, que são longe umas das outras. O que eu faço é tentar ficar uma hora parado em uma e ir coletando de 5 em 5 minutos, mas no fim eu coleto poucas pokébolas e acabo gastando a maioria capturando os pokémon que aparecem pertos de mim. Em Passos, vou pra praça e fico lá até a bateria acabar, mas do mesmo jeito acabo gastando tudo que ganho com os que aparecem lá.
Quem mora nas cidades boas não gasta com pokébola e podem comprar moedas e investir em coisas melhores como chocadeiras, espaço, lure e incenso, o que melhora ainda mais o desempenho deles no jogo. Quem mora em cidade sem pokéstop é pior ainda, só comprando mesmo ou viajando, o que não dá pra fazer sempre, e mesmo comprando terão poucas opções de captura e mais os comuns mesmo, dificultando assim subir de nível no jogo.
Esse foi meu desabafo sobre a sofrência de ser um mestre Pokémon do interior. Está certo que na origem do Pokémon está a ideia do jovem que deixa sua cidade para ser um mestre pokémon e percorre várias cidades, mas isso é impossível para gente que é assalariado...rs
Sigo jogando, já tô no nível 24 (de 40) mesmo, vamos ver até onde vou e quanto tempo vou levar pra completar minha pokédex, se é que vou completar, agora com novos pokémon entrando no jogo a tendência é ficar ainda mais difícil. Mas eu realmente sou Mestre na área, trabalhei com games no meu mestrado e tenho planos para doutorado na área, quem sabe ainda viro Doutor Pokémon?? rsrs
PS: Pokémon não tem "s" no plural porque é a abreviação de Pocket Monsters, assim o plural de Pokémon é Pokémon mesmo.