Meu pai, Onofre Francisco Torres, nasceu no dia 03 de maio de 1944, mas foi registrado no dia 13. Nasceu na roça, de parteira, a noite. Nasceu e a parteira achou que ele tivesse nascido morto, porque não respirava e não se mexia. Minha avó ficou triste, era seu primeiro filho, de outros 10 que viriam em seguida, mas teve que se conformar. Deixaram ele dentro de uma bacia no chão do quarto. Um tempo depois escutaram um barulho, foram ver e era ele, vivo, se mexendo e começando a chorar. E dali em em diante iniciou sua história, sempre com muito trabalho e dedicação.
Meu pai foi um homem muito sério e trabalhador. E dono de olhos castanhos amendoados, que ora ficavam verdes, ora cinza que era a coisa mais linda do mundo. Era um ótimo pedreiro, do tipo que já não existe mais. Seu maior sonho era ter uma terra pra criar vaca e fazer seus serviços de roça. Conseguiu na década de 90, teve uma chácara que era sua vida e refúgio, que só teve que deixar por conta do Alzhaimer, quando sua memória já não permitia mais o trabalho.
Pode-se perguntar a qualquer pessoa, ele nunca xingou ou falou mal de pessoa alguma, era muito ético e sábio. Foi um ótimo pai, sempre presente, mesmo trabalhando muito, e muito amoroso e brincalhão com a gente. Teve poucos amigos, seus melhores amigos eram os animais. Não era alguém de muita conversa, ficava sempre na dele e falava muito pouco com os outros. Fez de tudo para dar uma vida boa para os filhos e esposa, mesmo vivendo um casamento difícil com nossa mãe. Eles casaram obrigados e viveram por conviniência. Mas isso nunca atrapalhou nossa criação, fomos uma família feliz, entre os trancos e barrancos.
Muito religioso, era devoto dos Reis Magos e de Santo Onofre. Terminou sua vida de certa forma como o seu santo padroeiro, só suas roupas, alimento e mais nada. Amava muito seu pai, que faleceu quando ele tinha 16 anos, e sempre me contava histórias lindas dele. Sua oração preferida era a Oração do Santo Sepulcro, que diz que quem a tiver consigo e confiar em suas palavras, será muito feliz. E quem fizer uma oração da forma como ela indica, por anos seguidos, teria a graça de ver a Virgem Maria 3 meses antes de seu falecimento, além de outras graças, e essa graça valeria por 5 gerações. O pai dele fez a oração. Se meu pai viu a Virgem Maria? Não sei, o alzhaimer não permite saber, o que sei é que ele conversou com o pai dele em outubro, eu escutei a conversa, e com sua mãe durante várias vezes ao longo do avanço de sua doença. E se contarmos 90 dias para trás, do dia do seu falecimento, dá dia 12 de Outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida.
Coisas que ele gostava:
Trio Parada Dura
Tonico e Tinoco
Bruce Lee
Luta Livre
Bang Bang
As Panteras
Folia de Reis
Esquadrão Classe A
MacGyver
Nenhum comentário:
Postar um comentário