quinta-feira, 22 de outubro de 2009

I want to believe – The X Files

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Ontem o tema da aula de seriado foi Arquivo X. Assistimos 2 episódios, o piloto e o último da terceira temporada, e conversamos sobre essa série. Para quem não conhece, a série acompanha o trabalho dos agentes especiais do FBI Fox Mulder e Dana Scully designados à investigar casos sem explicação. Essa série foi um grande sucesso da década de 90, ela começou em 1993 e teve 9 temporadas. Conspirações, alienígenas e outros grandes mistérios foram os temperos que viciaram uma gama enorme de fãs pelo mundo todo.

Uma coisa curiosa sobre essa série é a inversão de papéis de gênero, Dana é a cética, totalmente racional, enquanto Mulder é emotivo e intuitivo. Juntos, um complementa o outro e gera a química perfeita entre os dois. Nos casos, normamlmente, ele é quem entrevista as pessoas, conversa, enquanto ela está atrás de provas, fatos. Ele acredita em tudo, ela em nada.

E aí vem o grande lance da série e que se tornou a principal discussão filosófica da nossa aula ontem: “O que é a verdade?”

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A frase que tematiza o seriado é “A verdade está lá fora”. Durante todos os anos em que a série esteve no ar, todos os fãs esperavam saber o que era essa verdade. Mas ela nunca chegou. Ou melhor, a série mostrou o quão relativo o conceito de verdade é. Esse último episódio da terceira temporada que assistimos mostra bem isso. Nele a Scully é entrevistada por um escritor que quer contar a história de um casal de jovens que supostamente teriam sido abduzidos por alienígenas. O legal do episódio é que ele mostra as diversas visões do acontecido sob o ponto de vista dos relatos dos envolvidos e embora todos falem sobre o assunto todos os relatos são diferentes e contraditórios. Isso mostra o peso que a memória tem e como o que entendemos como “verdade” pode ser manipulado e modificado sem a gente perceber.

Eu vejo o meu pai como exemplo. Semana passada, durante a madrugada, ele acordou querendo ir embora. Ao conversar com ele e pedir que ele fosse dormir na cama ele disse que não, não podia dormir ali porque ela estava cheia de mato e molhada e tinha um monte de gente que iria buscá-lo. Não adiantaria nada eu querer mudar essa verdade dele, eu tive que entrar nesse mundo dele e o deixei na sala esperando. O que ele disse era verdadeiro para ele, era uma verdade palpável, visível e clara, mas que apenas ele percebia.

E na terça o programa Profissão Repórter da rede Globo mostrou a vida de pacientes com problemas mentais. Para nós que assistimos a entrevistas e nos consideramos “normais” tudo o que eles diziam era loucura e engraçado. Mas para eles aquilo era real, era verdadeiro.

A verdade parece ser algo muito subjetiva. Na verdade estamos todos num grande breu e nos agarramos ao que dá, chamando aquilo de verdade. E se a verdade está lá fora a mentira deve estar aqui dentro, e, mais importante do que entender o que é a verdade, é entender o que é a mentira.

Ninguém questiona a mentira, porque ela parece ser muito clara. Desde cedo aprendemos que quando somos desonestos e fugimos da verdade, mentimos. Mas, se não sabemos o que é verdade, como podemos mentir?

A resposta a série não conseguiu dar como os fãs desejavam. Ela foi esticada mais do que deveria e isso atrapalhou sua conclusão. Mas, de qualquer forma, eles nunca chegariam a uma verdade.

Se até Cristo se calou quando questionado sobre o que era a verdade…

Enfim, a gente só quer acreditar…

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