Devia ter uns 5 anos. Minha mãe me chamou para ir com ela limpar o rancho da sua patroa, que fica no porto do Glória aqui em Passos. Fui porque adorava o lugar, achava lindo o rio e a vista.
Fui várias vezes lá sempre que minha mãe ia faxinar, só que essa vez foi mais especial, foi quando eu pesquei pela primeira vez.
Havia uma mulher parente da proprietária e o filho dela. Essa mulher resolveu pescar e me convidou para pescar também, junto com o filho dela. Fiquei meio inseguro mas louco para experimentar, parecia ser algo muito divertido.
E foi, custei a começar a pegar os peixes, ela ia me orientando, mas quando comecei era um atrás do outro. Só não conseguia tirar o peixe do anzol, eu trucidava o pobre bichinho, então ela tirava para mim. Ela pescou muitos, eu pesquei 11 e o filho dela nenhum. Na verdade ele pescou um, que caiu numa piscina velha e eu que encontrei horas depois. Ele ficava bravo e irritado e não conseguia seguir as orientações da mãe como eu.
Só que minha alegria acabou na hora de ir embora. Eu crente achando que ia levar os peixes que pesquei para casa e minha mãe não deixou. Ela odeia peixe e além disso disse que não era certo, que os peixes eram da mulher. Ela deixou eu levar alguns, mas minha mãe não permitiu. Voltei emburrado para casa. O outro menino achou a coisa mais boa do mundo eu voltar de mãos abanando…
Não sei se estou enganado, porque faz muito tempo, mas tenho quase certeza que esse menino é o mesmo que anos antes fez uma maldade horrível comigo. Não conto sobre isso aqui no blog porque é algo muito doloroso para mim e que me traumatizou muito. Mas foi algo digno de livros do Stephen King. Se no futuro me tornei inseguro e com medo de relacionamentos devo muito a esse pestinha.
Em 2003, em uma reunião de grupo que participei com colegas da época, pediram que eu contasse algo que havia me marcado profundamente. Contei essa história, que até aquele momento nunca havia revelado a ninguém, e quando olhei para as pessoas do grupo, homens e mulheres com mais de 30 anos, todos estavam chorando emocionados, acho que nunca recebi tanto abraço e beijo na vida. Aprendi a lidar e superar isso sozinho e sou muito feliz com meus avanços.
Mas enfim, esse post é sobre a pescaria… nunca mais pesquei depois disso. Na verdade nunca mais tive oportunidade ou recebi um convite, mas até hoje espero uma nova oportunidade para pescar.
E foi nesse rancho que conheci um pé de amora. Comia amora demais lá, achava delicioso. Até hoje acho. Oh frutinha gostosa, que mistura o doce e o azedo de forma primorosa.