Com 648 páginas, "Clarice," chegou às livrarias brasileiras. A editora Cosac Naify colocou uma tiragem de 10 mil exemplares. Em geral, um livro começa com 3.000 cópias.
Escrita pelo jornalista norte-americano Benjamin Moser e publicada nos Estados Unidos em agosto de 2009, a biografia de Clarice Lispector (1920-1977) conquistou um destaque a que a literatura brasileira não está acostumada.
Para citar apenas os grandes jornais, Clarice foi notícia no "New York Times" (em duas resenhas), "The Times", "Economist", "Los Angeles Times", e chegou a ser comparada a James Joyce, Jorge Luis Borges, Virginia Woolf e Franz Kafka.
No livro, o autor detalha episódios dramáticos da vida da escritora, com o estupro de sua mãe na Ucrânia por soldados russos, a esquizofrenia do filho Pedro e a homossexualidade do seu primeiro amor, o romancista e poeta mineiro Lúcio Cardoso (1913-1968).
Na página 158, o livro aborda a angústia de Lúcio em relação a sua homossexualidade. Francisco de Assis Barbosa, colega de Clarice, dizia para ela: "Ele nunca vai casar com você, é homossexual". A escritora replicou: "Mas eu vou salvá-lo. Ele vai gostar de mim."
Com base em pesquisa, o autor formulou uma tese: a de que Clarice sentia-se predestinada a salvar a mãe da doença adquirida (sífilis) durante a violência na Ucrânia. O peso dessa falha -- mãe Mania passou o final da vida inválida e morreria ainda jovem-- ecoaria ao longo de toda sua vida e obra. Para o autor, compreender a dor de Clarice como filha e como mãe ajuda a entender a escritora.
Leia mais, incluindo um trecho do livro, no site da Folha. Clique aqui!
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