Os evangelhos apócrifos são livros escritos alguns anos após a morte de Cristo e que narram passagens da vida dele. Alguns desses evangelhos são mais antigos do que os quatro evangelhos oficiais, outros são da mesma época.
Eles são considerados apócrifos porque quando começou a surgir o cristianismo e a Igreja Católica estava já tomando forma, um grupo de religiosos sentou e disse: “Vamos decidir quais livros iremos seguir, os outros a gente joga fora e proíbe” (estou dramatizando, óbvio que não foi bem assim). E foi assim que surgiu a nossa Bíblia, pela decisão desse grupo de homens e que nunca foram questionados, até porque isso seria pecado e quem iria se atrever a questionar a decisão deles? Eles decidiram tanto os livros do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, seguindo o que eles achavam que seria interessante para eles e para o pensamento que eles tinham de como deveria ser a Igreja Católica. Quando surgiram as outras igrejas cristãs, isso também não foi mudado, apenas alguns livros do AT foram tirados mas o NT foi considerado santo e inviolável.
O que diziam esses outros livros? De tudo um pouco, alguns realmente eram muito viajados e criavam histórias fabulosas, mas outros centravam em outros aspectos religiosos e, particularmente os evangelhos, mostravam outra visão de Cristo. Essas visões diferentes não excluem os oficiais, apenas complementam. Mas eles possuem partes que entram em choque com os ideais do catolicismo, por isso foram banidos e considerados como sem inspiração divina.
Depois que Cristo morreu, os apóstolos seguiram suas instruções e saíram pelo mundo pregando. Cada um tinha uma maneira diferente de pregar e cada um deles acabou aprendendo coisas diferentes enquanto viviam com Cristo.
João Batista, primo de Cristo, era essênio, que era como se fosse uma religião desgarrada do Judaísmo e Cristo conviveu muito com a cultura essênia, embora nunca tenha se assumido como essênio (e nem cristão, Ele nunca foi infiel ao judaísmo, pelo contrário), mas absorveu muita coisa com eles. Alguns dos seus apóstolos compreenderam esses ensinamentos essênios e os reproduziram em suas pregações.
As pessoas que ouviam essas pregações foram formando pequenas comunidades. Nessa época os cristãos eram perseguidos e muitos morreram, por isso tudo foi muito escondido.
Podemos dizer que existiam 2 linhas de pensamento Cristão, uma de Pedro e que teve Paulo como grande porta-voz, que já tinha o caráter de ser revolucionário e de criar uma nova religião realmente, e a outra linha que seguia os pensamentos essênios, de apóstolos como Tomé e Madalena (sim! ela era uma apóstola…), entre outros.
Pedro e Paulo foram os grandes disseminadores da palavra de Cristo e se não fosse eles os cristãos teriam morrido e o movimento destruído. Os romanos viram que poderiam tirar proveito dessa nova religião e que ela estava mais de acordo com o que eles desejavam, diferentemente do judaísmo, com isso a Igreja de Cristo, a Igreja Católica, pode nascer.
Eles aproveitaram todos os livros que lhes seriam convenientes e dos livros com tendência essênia eles aproveitaram muito pouco, porque eles entravam muito em conflito (apesar da Igreja afirmar que seus autores eram sagrados – Meio estranho, não? O autor é sagrado mas suas palavras não… enfim, não sou ninguém para questionar isso). O livro de João quase foi cortado, mas como ficaria muito pouco com apenas três evangelhos, eles acabaram aprovando, até porque acharam que as pessoas nunca iam perceber todas as sutilezas de João em seu texto. Fora isso, encheram o NT com as cartas de Paulo, pois ele normalizava e era o que eles mais queriam para manter fiéis, normas e mais normas. Cristo não normalizou nada e eles precisavam de alguém que dissesse o que podia e o que não podia fazer. Paulo caiu como uma luva para eles, até porque Paulo não conviveu com Cristo e tudo o que ele aprendeu veio da comunidade de Pedro, que era o mais cabeça dura e preconceituoso dos apóstolos, não por maldade mas por inocência mesmo. Pedro era um ótimo homem, só era turrão e adorava aparecer e tentar ser melhor do que os outros. Vai me dizer que você nunca reparou isso nos evangelhos oficiais? Repare então… Mas ele era um homem humilde, simples, todas essas suas características era dessa sua inocencia mesmo.
Semana que vem comentarei sobre outros evangelhos e apóstolos. Esse foi uma pequena introdução para vocês ficarem por dentro do assunto. Falarei ainda sobre João, Pedro, Madalena, Judas e Tomé, entre outros. Espero que gostem.
ATENÇÃO: essa é uma visão minha, pessoal, resultado de anos de leituras sobre o assunto, desde 1999. Está bem romantizado também, da forma como eu sempre contei aos meus amigos. Não desejo com esse texto ferir nenhuma religião, nem o Catolicismo, que é a minha religião, nem as demais igrejas cristãs. Eu só apresento algo que existe para estimular o diálogo e a reflexão. Também pode ter erros históricos, como escrevo de cabeça, algumas coisas podem estar distorcidas. Então não recomendo o uso deste meu texto como fonte confiável, procure por livros e teses sobre o assunto, existem muitas e no final recomendarei alguns. Quero apenas dividir coisas que aprendi e que acredito serem especiais. Alguns desses evangelhos apócrifos possuem passagens lindas e muito inspiradoras que eu acho que não deveriam ficar escondidos.
E se você quiser opinar, criticar ou sugerir alguma coisa, deixe um comentário. Espero que gostem dessa nossa aventura apócrifa… =)