segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Despedida do meu pai

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Sexta-feira passada, 13 de janeiro, meu pai encerrou sua história nesse nosso mundo. Ele faleceu às 5h da manhã, depois de 23 dias internado, por conta de uma infecção, uma broncopneumonia e avanço para a terceira fase do Alzhaimer.

Eu e minha família estamos recuperando bem, e isso de certa forma é algo que o alzhaimer nos ajudou. Quando algum familiar recebe o diagnóstico de que é portador do mal de alzhaimer, a família começa a aprender que é um caminho único, sem volta, e que seguirá passos bem definidos. No começo a gente não acredita, não aceita muito, mas com o tempo, com o avanço da doença, percebemos que ela é daquele jeito mesmo que os livros e médicos dizem. A pessoa vai morrendo aos poucos, e a despedida vai sendo lenta diária.

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Nos despedimos aos poucos de nosso pai, a medida que ele ia perdendo sua identidade e assumindo a identidade que a doença lhe confere. Me lembrei do filme “O curioso caso de Benjamin Button”, porque meu pai foi voltando a se tornar criança. Seus últimos dias no hospital foi como se ele tivesse voltado a ser um bebê.

Assim, eu pude me despedir dele aos poucos nos últimos anos, vivendo intensamente cada momento com ele e dando todo o carinho e amor que queria. Tem horas que é duro, você fica com vontade de correr ou gritar a procura do seu pai, sentindo como se ele tivesse sido trocado. Mas logo passa e um abraço e um beijo supera tudo.

Foram 10 anos, desde o diagnóstico da doença, dentro da média que os livros e médicos dizem. Ele ainda poderia ter vivido uns 4, 5 anos a mais, mas sempre desse jeito, de cama, imunidade baixa, perdendo as habilidades motoras. Então creio que Deus escolheu o melhor tanto para ele quanto para nossa família, sua terceira fase do alzhaimer durou menos de um mês.

Ele estava bonito no seu velório, não tinha aspecto de morto ou abatido. Estava sereno, rosto claro e com um sorriso no rosto.

Agora vamos tocar a vida, com as lembranças boas que vivemos com ele, com toda a sabedoria que nos passou e com o amor dele que sempre estará com todos nós, enquanto a gente ainda estiver presente nesse mundo.

Ru09

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Um comentário:

Soraya Carvalho disse...

Lembrei do meu vô... Embora nossa despedida tenha sido mais rápida, tu estar ali sabendo que está perdendo alguém e não pode fazer nada... É muito doloroso...