segunda-feira, 26 de abril de 2010

Meus pais

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Se tem algo que não posso nunca reclamar são dos meus pais. Várias vezes escuto amigos reclamando dos seus, dizendo que a relação é difícil, que não se entendem e cheios de proibições.

Com os meus não existe isso. Eles sempre me deram total liberdade para tudo. Com minha irmã foi diferente, certamente pelo fato de ser a primeira filha e mulher. Até hoje ela vive em conflito com a mãe.

Mas comigo meus pais sempre valorizaram minha opinião desde os 6 anos. Eles queriam me botar em uma escola perto da nossa casa e tinha acabado de ser inaugurada. Eu não! Bati o pé e disse que queria estudar na mesma escola que minha irmã estudou. Eles me explicaram os prós e contras e perguntaram se era isso mesmo que eu queria e eu disse que sim. Então minha mãe me matriculou nessa escola.

E sempre foi assim, meus pais sempre me educaram mostrando o que é certo e errado e que tudo na vida tem as suas obrigações e que o mais importante ao aceitar algo é aceitar as dificuldades que forem aparecer para não voltar atrás em um momento em que não há mais volta.

Sempre passamos aperto financeiro, mas eles faziam o possível para ajudar no que podiam com minha educação. Dificilmente conseguia os brinquedos que queria, mas os livros e revistas que precisava eles sempre davam um jeito de arrumar para mim. Quando comecei a estudar informática eles me deram todo apoio e me ajudaram, não sabiam direito o que era informática mas acreditavam que isso seria bom para mim.

Nunca fui proibido de sair e nunca tive horário para voltar. Minha mãe só recomendava que tomasse cuidado e não ficasse sozinho. É engraçado porque eu tinha total liberdade mas na adolescência eu saia muito pouco, minha auto-estima era muito baixa e foi assim durante muito tempo.

Quando dizia que queria estudar cinema, minha mãe nunca me disse para não estudar isso, como os vizinhos falavam. Ela dizia: “Se é o que você gosta, então vai”. Não consegui, mas acabei fazendo um curso que a minha mãe mal conseguia pronunciar o nome “Se dá para você trabalhar, então é bom!”.

É claro que minha mãe, como boa geminiana, tem horas que faz um drama, tenta me convencer a fazer certas coisas, diz que não aceita outras, mas no outro dia diz apenas: “Você é quem sabe o que quer da vida”. Certa vez disse que queria ir para o exterior, ela fez drama, disse que não deixava, que era loucura… Da segunda vez que disse que queria ir ela disse: “Então vai logo, eu disse que não queria que você fosse pra São Carlos mas você foi, depois disso você vai pra onde você quiser, eu lavo minhas mãos…”

Ela disse que desistiu de tentar me convencer de qualquer coisa na infância: “Desde pequeno já vi que esse menino é diferente, não dava pra contrariar. Então a gente aceita como ele quer porque ele é ajuizado e ajuizado até demais.”

Meu pai por conta da doença dele não acompanha mais minha vida como minha mãe, mas me ama muito até hoje. Minha mãe diz que ele sempre pergunta por mim e quando eu volto.

Minha mãe é uma comédia, possui um humor negro ingênuo que é uma graça. Morro de rir com as coisas que diz.

Um dia inesquecível: ganhei uma garrafa de cachaça artesanal de um cliente e levei pra casa, tomamos nós três e ficamos tontos juntos (e meu pai já doente)…hahaha

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